Foi assim, que o vi pela primeira vez…era assim que ele era em 1962…ele com 33 eu com 16 anos e assim nos encontrámos para sete anos de cumplicidade “em tempos de escuridão”. Ninguém o conhecia a não ser os amigos de Coimbra; ninguém , em qualquer parte, sabia quem ele era… Ninguém, nesta altura, se interessava pelo seu pensamento, pela sua música, pelos seus poemas…não era herói, longe ainda do “mito”. Tinha imensas contradições, tinha medo, gozava com os mitos, com “os monstros sagrados”, como ele dizia ; era, apenas, um artista, poeta, músico, um homem muito bom, um homem de esquerda, vulgar, um pouco bizarro, utópico,por vezes ingénuo,… muito incompreendido, sem ter quem o apoiasse; de 62 a 67…quase no limiar da miséria; Havia quem tivesse medo de nos ir ouvir…ele era "perigoso"… O resto da história dele, vocês sabem; este bocado é que, por certo, já não se lembram…
ERA O ZECA...é hoje o aniversário da sua morte.
Rui Pato
Foto de Rocha Pato pai do Rui.
Esta foto foi capa da 2ª edição do livro "Cantares de José Afonso"